Procrastinando as tarefas de 2023
Nessa primeira newsletter do ano, divido algumas reflexões sobre procrastinação, ansiedade e desequilíbrio com o estilo de vida.
Oi, tudo bem?
Nessa primeira newsletter do ano, divido com você algumas reflexões sobre procrastinação, ansiedade e desequilíbrio com o estilo de vida.
E também trouxe algumas das coisas que chamaram minha atenção nos últimos dias.
Vinte dias se passaram em 2023 e eu ainda não fiz meu Review de 2022. Não tracei objetivamente as metas e objetivos desse ano (embora eles estejam batendo nas laterais do meu crânio constantemente). Nem finalizei a lista dos melhores livros que li nos últimos 12 meses também. E muito menos completei a maioria das tarefas que eu tinha planejado — principalmente porque eu nem sequer voltei a abrir o calendário de projetos alguns dias depois que o fiz.
Parece besteira (e talvez seja), mas é esse tipo de procrastinação que tem potencial de gerar frustração e atormentar minha cabeça com mais ansiedade conforme os dias passam. Entretanto, não me sinto excepcionalmente ansioso ou deprimido hoje com tantas tarefas (que dizem respeito unicamente a mim) postergadas. Ótimo.
A primeira semana do ano, em São Paulo, pareceu atingir um pico de incapacidade emocional que já vinha carregando desde o início de dezembro. E eu sei porque isso ocorreu.
São Paulo só é bom para quem tem dinheiro, e eu não tenho renda desde que resolvi me jogar nessa de me descobrir como escritor. Então, estar nos rolês com amigos de uma classe social a qual eu não pertenço mais vai comendo minha cabeça a ponto de querer "largar tudo" e procurar um escritório. As tais vontades (não tão) inesperadas e efêmeras de querer ter um salário para bancar o rolê da classe social média de uma cidade tão cara como essa. O que não exige muita reflexão da minha parte por 5 minutos para perceber que eu nem quero isso de verdade. Eu só sinto isso momentaneamente por estar sofrendo por não ter um conforto constante, estabilidade financeira e segurança em relação ao futuro enquanto estou vivendo um estilo de vida que não cabe mais para mim. Porque fui eu mesmo, para início de conversa, que abdiquei desse estilo de vida e fui me aventurar em outros. E foi o que aconteceu, saí de lá determinado a arranjar um trabalho e logo desisti ao lembrar que isso não é importante para mim agora.
Já na segunda semana, longe da cidade grande, comecei a colocar as ideias no lugar. Foi quando esbocei os projetos e calendários e listas de tarefas - conforme não eram cumpridas geravam um tanto de ansiedade, mas ajudaram a entender o caminho que eu queria tomar esse ano.
Aí nessa terceira semana voltei a treinar funcional, a Josi (personal trainer com quem treino com um grupo de amigos há alguns anos) voltou de férias e, deus do céu, como eu tava precisando de exercícios físicos. De todas todas todas as técnicas que já usei para tentar manter a cabeça equilibrada, nenhuma é melhor que exercitar o corpo frequentemente. Vai ver é por isso que hoje, dia 20, com tanta procrastinação, eu ainda assim me sinto bem. Ter clareza de pensamento é incrível né? Consigo tranquilamente, hoje, entender que apesar de não ter executado o plano inicial, fiz um tanto de coisas que somam ao meu repertório — e alguém com um trabalho full time talvez não desse conta.
Duvido que eu consiga traçar um novo plano e seguir a risca nesse mês. Ainda mais porque estarei de volta a São Paulo nos próximos dias e sei que as dores escritas nos parágrafos acima vão bater. Estar preparado para lidar com elas e buscar alternativas de como aproveitar meu tempo sem essa sofrência parece ser uma prioridade. E colocando em palavras aqui e nas minhas anotações pessoais já me dão um pouco da segurança que preciso.
Zine
A principal meta do mês era terminar duas histórias para a zine que quero publicar nesse primeiro trimestre. Cheguei a esboçar uma história e começar uma primeira edição, mas não finalizei por desmotivação. E descobri pelo TikTok uma versão da mesma história que muda completamente o rumo de como devo abordar a minha. Inicialmente, fiquei agoniado com isso, aí acabei me inspirando e então pude relaxar. Agora as histórias estão atrasadas, mas tá tudo bem. Ainda posso manter o cronograma e terminar a zine ainda esse trimestre.
Escrita Penosa
Decidi fazer um projeto no Substack sobre meu processo de desenvolvimento com a escrita. Ainda não publiquei nada lá, e era para ter acontecido esses dias. O que me empacou é a ideia de voltar a publicar nas redes sociais (que não seja o twitter) e dar as caras para as pessoas com quem eu não interajo há muito tempo — algo que eu havia estabelecido como necessário a esse projeto. Com clareza de ideia, consigo perceber que eu não devia tratar de forma tão burocrática um retorno ao uso das redes sociais. É quase como se eu tivesse desenvolvido um tipo de ansiedade social atrelada especificamente às redes sociais. E eu preciso me livrar disso. Pois todos os planos possíveis de eu conseguir me manter independentemente através da escrita dependem também do trabalho com redes sociais — por mais terrível que isso possa parecer para uma pessoa que “fugiu” delas há dois anos porque tava totalmente abublé das ideias em relação à interação social.
Seja voltando ou não às redes sociais, esse projeto acontecerá e é muito importante para esse processo de desenvolvimento com a escrita que estou passando. Nos próximos dias darei início e se você me segue aqui, receberá a atualização.
Leitura
Li 6 livros, (e para diminuir a impressão de prepotência) quatro deles eram de poemas ou desses curtinhos disponíveis no Kindle: “Songs I Could Never Sing” (Jeff Goins, 2022), “O Amor é um Cão dos Diabos” (Charles Bukowski, 1977), “Eu te amo, mas sou triste” (Aurora Ava, 2021) e “Camomila” (Ariel F. Hitz, 2019).
E os dois destaques: “Sobre-viventes!” (2021), coletânea de crônicas de Cidinha da Silva, e “Misto-quente” (1982), romance que conta a história do alter-ego de Bukowski, o imbecil Henry Chinaski — e já considerado meu último livro favorito.
A soma de páginas desses 6 livros já representam quase 1/3 de tudo que li no ano passado. Claramente isso não seria possível se eu estivesse trabalhando. E sendo a leitura um dos principais meios de estudo e inspiração para escrita, preciso lembrar de que não andei perdendo meu tempo tanto assim como penso quando estou desequilibrado das ideias.
Programação
Tenho uma relação de amor e ódio com linguagens de programação. Poucas coisas me deixam tão focados quanto brincar de desenvolvedor, e poucas coisas me deixam tão estressado e puto da vida também. Principalmente quando eu me dou conta que passei horas estudando e escrevendo código por pura curiosidade e fico preso num erro idiota que me tira do sério e leva embora meu tempo até resolvê-lo ou desistir dele — porque eu nem devia estar dando tanta importância para algo que não devia passar de diversão. Num fim de semana que estava de boas, encontrei um repositório atualizado no GitHub para otimizar o processo de transformar anotações no Obsidian em um jardim digital que me chamou muita atenção. Passei dois dias inteiros tentando entender por que eu não conseguia implementar com o meu. Isso me tirava total a vontade de fazer outras coisas e me dava de brinde stress e raiva. Coincidentemente, uma amiga falou que ia começar uma dessas semanas intensivas de estudo da Rocketseat feita para eles conseguirem vender curso e eu resolvi fazer a trilha mais simples para relembrar e reforçar o que eu sabia de webdev. Aproveitei e retomei outro curso do ano passado que eu não havia terminado. E cá estava eu, deixando de lado todas as minhas tarefas para passar a semana estudando incessantemente.
Quando abro a galeria do meu celular vejo pouquíssimas fotos desse mês — e fotografia é uma paixão que serve de termômetro, se estou vivendo bons dias e boas experiências minha galeria fica repleta de registros. A maioria é foto do Pirata, meu gato. Com exceção dos dias em São Paulo, com meus amigos e no rolê.
Por mais que esses rolês despertem questionamentos internos angustiantes sobre estar desequilibrado com o estilo de vida, no futuro são desses momentos que lembrarei. É de quando estou com meus amigos, é de quando estou compartilhando momentos com outras pessoas, não de quando estou sozinho e digitando ou com papel e caneta na mão. Escrever ocupa muito tempo e não converte em boas lembranças.
(Tenho a impressão que li o conselho de algum autor que gosto dizendo justamente sobre isso, para largar a escrita e ir viver um pouco com outras pessoas porque são esses momentos que serão lembrados. Pensei que fosse algum dos e-mails do Chuck Palahniuk, mas nada encontrei nas minhas anotações. De qualquer forma…)
E foi bom pensar a respeito disso nessa semana. Para não esquecer de algo que sei há muito tempo, desde 2007 para ser mais exato. Por mais eremita moderno que eu possa flertar certos momentos, fugindo de interações sociais e buscando meu desenvolvimento como escritor, nada disso valerá a pena lá na frente. Vale mais atrasar a agenda, procrastinar e postergar as tarefas, e engolir a ansiedade e frustrações, mas continuar vivendo e registrando bons momentos.
Algumas coisas legais que vi esses dias:
The Last of Us
Assim como outros milhões, assisti empolgado ao primeiro episódio daquela que é a adaptação do melhor jogo do século, e como muitos também fiquei satisfeito com o resultado. Será que temos finalmente uma adaptação de qualidade dos videogames?
Coincidentemente, assisti a primeira temporada de Mandalorian que também é com Pedro Pascal. Me diverti, mas achei uns episódios meio bostas, e a fofurice do baby Yoda às vezes se confundia com a estranheza dos movimentos dele. Outra que causou certa estranheza foi She-Hulk, que assisti despretensiosamente e sabendo o quanto foi criticado (e com razão) pela qualidade do CGI. Fora a parte gráfica, acho meio idiotice as brigas dos nerds com essa produção que é clara e propositalmente uma história bobinha e água com açúcar (como quase tudo que se vê na Marvel?). Exceto o último episódio, que abusa da metalinguagem para brincar exatamente com essa mesmice da Marvel.
GPT-3 Is the Best Journal I’ve Ever Used
Neste artigo, o autor defende que o GPT-3 é uma ferramenta de IA que possui os mesmos benefícios de 'journaling' e que oferece mais apoio que um diário: ele cria registros escritos, nunca cansa de te escutar, está disponível dia e noite, proporciona considerações positivas incondicionalmente e facilita significar momentos da vida. Além disso, podemos usar o GPT-3 emulando personas como Sócrates, um couch ou um terapeuta.
Muito interessante pensar no uso do GPT para journaling e terapia. Quero experimentar, talvez o chatgpt funcione até melhor mesmo tendo uma base de dados menor. Como eu mesmo tenho pensado em fortalecer meu processo de journaling para entender meus pontos altos e baixos com a escrita, "conversar" com a AI pode ser um caminho mais rápido e menos engessado. Não tenho problema nenhum em conversar com o robô, desde que ele me ajude a sintetizar melhor minhas ideias. E aparentemente, fica mais fácil fazer isso numa conversa do que enfrentando a página em branco.
’Meus Pais Foram Presos Em Brasília. Fiz Tudo O Que Podia Para Ajudá-Los'
Após a vergonhosa invasão no planalto realizada pelos bolsonaristas, me diverti muito e fiz o L acompanhando os vídeos dos golpistas em prantos cobrando direitos humanos enquanto estavam presos e com acesso a celular e wifi. Além de trágico, é também de dar pena o nível de disparate cognitivo dessas pessoas. E esse depoimento parece concentrar justamente isso.
Falando nisso, acho bom ressaltar quem são os 46 Deputados Federais Que Defenderam Ou Minimizaram O Terrorismo Em Brasília
Também fico curioso para saber o que aconteceu com os bolsonaristas botucatuenses, será que foram liberados?
Um arco-íris completo fazendo círculo
Acho MARAVILHOSO que o arco-íris, na verdade, é um círculo, e que do chão só observamos a parte superior dele. Porém, os drones conseguem captar todo o círculo de 360 graus, e eu fico babando toda vez que vejo um desses registros mostrando esse fenômeno completinho.
Obrigado por ler até aqui :)
Espero retornar no próximo mês!
Se tiver algum comentário, não hesite em me chamar.