Marsiedade

É como se março não tivesse acabado. Bateu uma brisa torta no primeiro dia, chegou de mansinho e se aconchegou em volta do meu pescoço, me estrangulando cada vez mais. Vez ou outra afrouxava e permitia breves momentos de alento, quase como fantasias de um futuro incerto que seguia passos desconexos com as resoluções passadas, outras tantas apertava tanto que eu podia sentir o sangue desesperado por fluir em minhas veias e fugir da minha cabeça. Esses eram os piores momentos, que me tiravam o foco à força, não me permitiam ter clareza de pensamento e se camuflavam sob péssimas atitudes precipitadas e impulsivas. E eu, que não sou de culpar o calendário, cá estou buscando justificativas para minhas lamúrias.  É como se março não tivesse acabado.

Gif do Logo do Cosmoliko, o planeta saturno, rabiscado