Cosmoliko Braun 25 e uma breve história desse blog
Nunca estive tão empenhado em um tema para o Cosmoliko.
Mas posso estar enganado, percebi que não tenho histórico salvo. Não tenho registros de como era este site nos primeiros anos. O que me soa imperdoável.
Espero começar a corrigir esse vacilo agora e deixar minha versão do futuro feliz.
Talvez eu não tenha registrado as mudanças dos temas porque aqui não costumava ter tantas publicações pensadas para os outros. Subestimei a necessidade de manter habilidades como arquivista para o único fim de me agradar.
Na maior parte dos anos, o Cosmoliko era um lugar introspectivo, ainda que online e disponível para outras pessoas acessarem e lerem. Algo que comecei a mudar no passado recente.
Felizmente, o Internet Archive (Wayback Machine) salvou algumas versões passadas. Deus salve o Internet Archive! Tem várias falhas, não pegou todas as imagens, mas deu para ter uma ideia do passado.
Foi nostálgico e esquisito olhar para esse passado - lembrar de como era cada um dos temas em cada ano, minha relação com o que eu publicava, minha relação com essa plataforma, como eu me enxergava aqui, o que colocava ali, os tipos de publicações que eu fazia… Muito do que já nem existe agora. Já apaguei o que não fazia mais sentido.
Para não deixar passar em branco e comemorando essa nova versão — que estou chamando de Cosmoliko Braun 25 — estou reunindo alguns prints do Internet Archive nesta publicação.
Fazer isso é relembrar a história desse cantinho na internet e da minha própria história, afinal.
Pré-Cosmoliko: Tumblr
As primeiras publicações são de 2010 e não estavam sob o nome de Cosmoliko - foram publicadas originalmente em um Tumblr altamente deprimente.
Embora eu já conhecesse bem o WordPress e tivesse tido outros blogs com assuntos específicos, foi no Tumblr que comecei a explorar minha subjetividade e formas de me expressar online sobre os sentimentos que mais me consumiam.
O funcionamento do Tumblr permitia e incentivava isso. A mistura de diferentes artes com escrita e como ele entregava o conteúdo para as pessoas foi muito importante para a forma como passei a me expressar. Inclusive anônimamente, trocando ideias e interações com pessoas que jamais saberei quem são.
Era engraçado que durante um bom tempo recebi mensagens em inglês na caixinha de perguntas elogiando meu perfil. Elogiavam não só meu tema customizado, mas também a curadoria de arte, erotismo e muita, muita, muita depressão e ansiedade.
O que eu mais repostava eram fotografias homoeróticas e artes relacionadas à automutilação e ao suicídio, alimentando perigosamente outros depressivos pela internet afora. Uma baita mistura de tesão com opressão.
Migrei algumas publicações para o Wordpress.
Nunca mais obtive o mesmo engajamento que tive no Tumblr.

Nascimento do Cosmoliko
O Cosmoliko, com esse nome, nasceu em 2012.
Naquela época, eu tinha um sonho: me tornar cineasta.
Foi esse sonho que me mobilizou e deu gás para sair do interior e me mudar para São Paulo passar muitos perrengues (como ocasionalmente dormir de barriga vazia e literalmente no chão).
Um breve resumo: no início de 2011, consegui uma bolsa de estudos na Anhembi Morumbi, mas quando cheguei na faculdade e apresentei os documentos, recusaram minha inscrição. Contudo, não voltei para casa e tentei fazer a vida na cidade grande, vivendo um período altamente conturbado. Meses depois consegui outra bolsa de estudos, Rádio e TV na FAPCOM, e assim pude mudar de vida. (Obrigado Haddad e ProUni!)
Não cheguei a trabalhar com audiovisual, mas as ideias desse período refletiram na concepção desse blog.
Queria ter mais rigor na escrita, compartilhar assuntos de interesse que estivesse estudando e quem sabe começar a montar um portfólio para conseguir trabalhar com comunicação. Queria experimentar.
Quem sabe eu poderia ter acesso a cabines em lançamentos de filmes. Havia feito um curso de crítica cinematográfica e um dos blogs que tive na década anterior era sobre cinema.
Quem sabe eu poderia postar resenhas para conseguir ingressos de imprensa em shows. Quem sabe um dia eu me tornasse fotógrafo desses shows. Cheguei a assistir ao show do Paul Banks como imprensa, mas não mantive a consistência e essa foi a única vez em que isso aconteceu.
Quem sabe poderia ter acontecido um monte de coisa.
“Cada um de nós é um universo”
Entre as tantas ideias, tinha essa de explorar que cada um de nós é um universo. Como na música “Meu Amigo Pedro” de Raul Seixas.
Eu pensava que todo mundo tem algo a aprender com qualquer pessoa, não importa quem. As experiências de vida de cada pessoa são únicas em sua próprias perspectivas. Todo mundo tem algo a ensinar a partir do Universo que é.
Eu queria registrar e fotografar pessoas diferentes e estranhas que houvesse a chance de encontrar, de tudo quanto era forma, mas principalmente viajando de carona - a subcultura dos malucos de estrada me fascina. Queria que fossem fotos lindas, óbvio, mas embaladas em publicações com uma pegada jornalística. Achava o máximo fotojornalismo, essa galera que vai para a rua para produzir e dar voz a quem não tem. Queria poder contar histórias das pessoas que eu encontrasse junto das fotos e assim poder explorar também a escrita.
Esse projeto não foi para frente, claro. Poucos anos depois, surgiu aquele SP Invisível e me deixou com a sensação de “eu poderia ter feito isso”, mas não fiz.
O SP Invisível fazia fotos de moradores de rua, pessoas invisíveis no cotidiano, e tinham textos atrelados a essas pessoas. Para mim estava muito perto da ideia que eu tinha com o “cada um de nós é um universo” - não que eu tivesse o foco em pessoas em situação de rua, mas a forma em que essa ideia se concretizava era parecida.
Na real, eu jamais poderia ter realizado esse projeto. No dia a dia, meu almoço era cachorro quente, bolacha na janta. Todo dia era uma luta. Nem sequer tinha uma câmera, como ia fotografar as pessoas?
Embora não pudesse registrar os universos que encontrasse por aí, ao menos um eu podia compartilhar: o meu próprio.
O Cosmoliko é um recorte, um fragmento do meu universo que eu posso explorar e deixar acessível. É daí também que surge o nome. Da junção das palavras Cosmos e Liko. Cosmos, de universo, e Liko, por ser o meu apelido mais antigo e que usava de user desde que comecei a utilizar internet. (Naquela época eu ainda não era conhecido como Jesus - meu cabelo estava chegando no ombro.)
Foi nesse contexto que nasceu o Cosmoliko.
Evolução dos Temas no WordPress
2014: Twenty Fourteen
O primeiro registro salvo no Internet Archive é de 2014. Usava o tema oficial do WordPress daquele ano - o Twenty Fourteen. Era possível destacar conteúdos favoritos na página inicial em um grid ou em um slider. Gostava dele, achava estiloso, uma baita mudança em relação aos temas oficiais anteriores que também usei.
2015-2016: Gridsby
No ano seguinte, 2015, fui para algo mais clean e pensado para fotografia - afinal, a fotografia estava no cerne das ideias. O Gridsby era um tema para portfolio inspirado no Pinterest. Contudo, só usei com o layout de blog padrão mesmo.
2017-2020: Whyte
O Whyte foi o tema em que mais pirei. Tinha um design atraente, estilo revista e diversas configurações de página. Pena que o Internet Archive não conseguiu puxar as fotos - olhando assim parece horrível.
Na época, o Cosmoliko ainda tinha algumas seções de álbuns. Ao lado de cada foto haviam campos de metadados - como qual a câmera utilizada, quais configurações etc.



Twenty Fourteen, o primeiro tema estiloso do Wordpress. O Gridsby era clean. O Whyte era maravilhoso e esse print do Internet Archive não lhe faz jus
Migração para o Ghost
Em 2021 migrei para o Ghost. Queria muito me livrar do WordPress, estava cansado dele e como parecia ter mais complexidade do que eu precisava.
O Ghost era uma promessa de menos fricção para pessoas que só queriam escrever e publicar. E era isso que eu precisava. Infelizmente, tive que abrir mão da fotografia, o Ghost é péssimo para isso.
2021: Liebling
O primeiro tema foi o Liebling, bonito e clean. Ele não me dava tantas customizações como eu gostaria, ainda estava entendendo que customização para iniciantes não é o forte do Ghost. Logo estava incomodado querendo trocar.
2022: Edition
Já que eu não conseguiria fazer as customizações que eu queria. Resolvi ficar ainda mais minimalista usando o Edition.
2023-2025: Source
Quando o Ghost atualizou para a versão 5, trouxeram esse tema, o Source, que considero o tema gratuito de melhor qualidade que já fizeram. Tem um design funcional com configurações modernas que se assemelham ao Substack, o qual estava cada vez mais hypado.
Desde que comecei a utilizar, nunca mais troquei. Até hoje.



Liebling tudo dark. Edition tudo claro. Source substack wannabe.
A novíssima versão: Cosmoliko Braun 25
Recentemente, com a possibilidade de explorar minhas habilidades em WebDev e Ghost (aprimoradas nos últimos anos de zero para alguma coisa), e principalmente com as LLM para ajudar nos códigos, pude fazer modificações que jamais me seriam possíveis antes.
Comprei o tema base Braun e o adaptei - custou 89 dólares, o maior gasto que já tive com esse hobby, mas era algo que eu queria há muito e precisava fazer. Então fiz.
Agora inauguro o Cosmoliko Braun 25. Chamo assim, com 25 de 2025, porque já passaram todos esses anos e temas anteriores, e como nunca registrei suas versões, não faço ideia de qual versão seria essa.
Tenho alguns planos para ele. Para começar, não quero ter que mexer novamente com o tema por um longo tempo, mas quero ter a possibilidade de fazer incrementos, de adicionar certas características a ele.
Notinhas e Logs
Já tinha criado o Notinhas no tema anterior, mas não estava atualizando tanto. A ideia original do Notinhas era ser meu próprio Twitter, dentro do meu próprio espaço.
O problema é ele floodar muito quem acompanha por RSS. Então estou pensando em formas de mitigar isso. Talvez faça sentido configurar RSS diferentes - que eu ainda não sei exatamente como vou fazer.
Também estou fazendo uma mistura do Notinhas com o que consumo. Certos logs que faria em outras plataformas estariam reunidas aqui - como um filme que assisti e loguei no Letterboxd ou uma música que estou obcecado no Last.fm.
Blog, Newsletter e Possíveis Zines
Queria também que essa plataforma facilitasse a mistura de blog, newsletter e zines — um lugar onde eu possa construir uma audiência num ritmo lento e independente da lógica das redes e, quem sabe no futuro, trabalhar com projetos de escrita de forma mais séria.
Tem tanto projeto de escrita que não levei adiante que agora precisarei arranjar novas desculpas para diminuir o peso da culpa.
Outras Páginas e Funcionalidades
Blogroll: Uma lista parcial de blogs, sites, newsletters e autores que acompanho.
Apps e coisas: uma mistureba de seções comuns em blogs alheios, como App Defaults, Things I Use e Colophon.
Página Agora: Uma página que costumava usar no Matagal Dazideia, meu jardim digital. Ela mostra o que estou fazendo no momento.
Matagal Dazideia: Meu jardim digital que renasce a cada tantos meses. Eu sempre me divirto recriando jardins digitais que não duram mais que dois ou três meses por não serem uma prioridade. Penso em trazer alguns elementos do jardim para cá, mas ainda estou definindo como fazer isso de forma que não se misture completamente com o formato do blog.
Livros: há muito tempo quero uma seção de livros com minhas anotações e biblioteca de leitura. Se eu não construir essa seção no Cosmoliko Braun 25, aí é sinal que isso nunca vai acontecer mesmo.
Estrutura de Conteúdo
Também vou reorganizar todas as publicações remanescentes. Vai demorar para reclassificar tudo, mas já esbocei uma estrutura que parece fazer sentido inicialmente.
Categorias Principais (Formatos)
O Ghost é um lugar em que tudo é tag - ele não tem a separação de categoria como acontece no WordPress. Mas separei algumas tags principais para distinguir os seguintes formatos de conteúdo:
- Crônicas e ensaios - textos opinativos, reflexões pessoais, ensaios autobiográficos e crônicas sobre minhas experiências de vida.
- Diários - registros íntimos, cronológicos e altamente vulneráveis. Textos escritos geralmente para processar emoções e sentimentos.;
- Poético - poemas, poesias, prosas inspiradas ou qualquer outra coisa que eu tenha apertado enter no meio da frase;
- Resenhas - análises em geral de algum filme, livro, app etc;
- Newsletters e periódicos - que nunca teve uma cadência constante. Não existem regras claras para quando decido que uma publicação será enviada também por e-mail. Mas preciso definir isso. Não quero floodar o e-mail das pessoas com toda publicação, ainda mais se acabar aumentando o volume por conta das Notinhas e logs. Talvez transformar a newsletter num periódico compilando as publicações do último período seja uma boa solução;
- Tutoriais e técnicos - para quando eu quiser falar de como fiz alguma coisa utilizando sei lá qual ferramenta, como blogar usando o Ghost;
- Notinhas - pensamentos e publicações curtas que não passem de 600 caracteres;
- Logs e Links - para registrar e/ou comentar sobre outros conteúdos e publicações pela web, seja videos, artigo, música, filmes e televisão. Provavelmente sempre tagueado de notinha também;
- Outros - para qualquer outra coisa que não se encaixe acima.
Confesso que estou tendo dificuldade em separar o que já escrevi em “crônicas e ensaios" e “diários”. As vezes até acho que nenhuma dessas duas categorias funciona.
Tags Secundárias (Temas)
Também pretendo voltar com as tags que existiam no Wordpress e removi no Ghost, relacionadas aos temas e assuntos da publicação. Algumas que eu tenho mapeado são:
- Depressão e ansiedade
- Espiritualidade
- Música
- Cinema e televisão
- Tecnologia
- PKM
- Escrita e Processo Criativo
- Política e Sociedade
- Viagens e Nomadismo
- Relacionamentos
- Memória e Nostalgia
- Fotografia e Arte Digital
- Cotidiano
- Aprendizados práticos
- Literatura
- LGBTQIA+
Enfim, aqui estamos. Treze anos depois de querer registrar fragmentos dos universos alheios, sigo explorando o meu próprio - agora com mais ferramentas, mais clareza (presente da idade conforme avança) e contente de perceber a minha transformação nessa máquina do tempo que é publicar na internet.
O Cosmoliko Braun 25 marca um novo momento nesse espaço, o meu próprio canto digital que permanece na contramão das grandes plataformas ditando como devemos usar a internet.
Se você chegou até aqui, obrigado pela visita e leitura. Adoraria saber o que achou — pode me mandar um e-mail se não se sentir confortável para comentar, adoro receber e-mails que não sejam relacionados a trabalho.
E se quiser acompanhar daqui para frente, te desejo boas vindas!
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