Festival Índigo: evento caro e ruim não apagou a alegria de ver Weezer

Não foi perfeito, pois além do som baixo, foi uma apresentação muito curta. Mas deu pra ser feliz.
uma mão fazendo W e River Cuomo erguendo guitarra no palco
W

O motivo de eu ter ido para São Paulo no último final de semana era por conta do show do Weezer, uma banda que eu gosto e tinha muita vontade de ver ao vivo, e iria se apresentar no Festival Índigo no Ibirapuera. O line-up desse festival caro pra porra incluía, além do Weezer, Bloc Party, Mogwai, Judeline e Otoboke Beaver.

Não sou fã de Bloc Party, o que escutei nunca me agradou a ponto de me fazer querer me aprofundar. Mogwai, por outro lado, nunca escutei o suficiente, mas tinha bastante interesse. Pensei que seria massa finalmente conhecer essa banda ao vivo. Acho legal quando conheço artistas com uma longa trajetória assim, sentindo a energia de suas apresentações.

Judeline, nunca tinha ouvido falar, passo. Otoboke Beaver, me mostraram um vídeo e falaram que eram umas japonesas punks interessantes, mas sem chance de eu chegar cedo o suficiente para conferir.

O ingresso mais barato, meia entrada sem taxas, custava R$ 317,00 — sendo necessário pagar pessoalmente para evitar as taxas abusivas. Estava disposto a ir até o Allianz Parque comprar (porque não vendem direto no Ibirapuera, vai entender), mas fiquei preocupado, será que eles ainda estariam vendendo no dia do evento? Postei nos stories do Instagram perguntando e o Universo conspirou a meu favor.

Uma amiga me conectou com um cara do trabalho dela (uma empresa de conteúdo bem conhecida entre os xofens) que não ia poder ir. Ele tinha um ingresso cortesia influenciador de pista premium e me vendeu por R$ 300.

Resolvi encontrar um boy antes e me atrasei. Não devia ter ficado para escutar o monólogo dele sobre trabalho. Cheguei na metade do show do Mogwai. Que clima de funeral! Consegui me aproximar bem do palco pelo lado, mas as conversas ao meu redor estavam mais altas que a banda.

Gravei um pequeno vídeo que confirmou: dava para ouvir mais o murmúrio das conversas do que a própria música, que naquele momento era muito baixa, relaxante, sem bateria.

E então os instrumentos entraram com tudo. Foi muito de repente. Eu não esperava, e acredito que as pessoas ao meu redor também não. Vi pelo menos três pessoas literalmente pularem de susto! Olhei pro cara ao lado e não aguentei segurar uma alta risada que competiu com o barulho da banda que, mesmo intenso, estava com as caixas de som baixas. Mesmo assim, foi legal acompanhar o restante do show.

Pena que não cheguei antes para conhecer mais do Mogwai desde o início. Preciso lembrar de deixar as distrações românticas somente pós eventos, não antes.

Antes do Bloc Party, fui buscar uma cerveja. Era aquela empresa Zig operando, acho que uma das empresas mais odiadas que existem. Você paga R$ 7,00 só para ter um cartão que rouba seus dados e permite comprar coisas superfaturadas dentro do festival (R$ 16,00 a lata de Budweiser). Depois, "recupera" seu dinheiro com uma água. Sacanagem.

Me arrependi de pagar caro em duas cervejas, principalmente porque passei boa parte do show do Bloc Party pensando "será que vou ao banheiro?". Não fui, estava sozinho e tinha medo de perder o bom lugar que consegui perto do palco.

Foi uma boa apresentação, curti, mas continuo sem vontade de me aprofundar na discografia. Entre uma música e outra, algumas pessoas gritavam pedindo para aumentar o som. Estava bem baixo mesmo.

Quando começou o Weezer, simplesmente esqueci que queria ir ao banheiro.

Foi um show muito legal. O Rivers Cuomo é para mim um dos frontmen mais fofos que existem, seja lá nos seus 20 anos, seja agora com 55 anos. Mais fofo ainda quando ele parava para interagir e falar em português com o público.

Fiquei feliz que tocaram Perfect Situation, não estava esperando. Rolou um belo coro. Também fiquei feliz de escutar Island in the Sun e cantar o refrão com todo mundo. Estava num lugar onde aparentemente havia mais pessoas solo no festival, mas ali perto do palco todos nós estávamos na mesma vibe, curtindo demais a banda e cantando juntos.

Tocaram muito das músicas antigas, principalmente do Blue Album e Pinkerton. Um dos pontos altos, todos nós já sabíamos, foi Say It Ain't So. Essa música estava no meu top 1 das quais eu mais queria cantar num show, que já é tão legal de cantar sozinho. Dei minha alma e cantei a plenos pulmões ao lado de muitos outros fãs felizes fazendo um W com as mãos.

O encerramento foi com Buddy Holly, uma das músicas que mais ouvi na vida. Fiquei muito feliz.

Não foi perfeito, pois além do som baixo, foi uma apresentação muito curta. Cerca de uma hora, sendo que poderia ter sido o dobro do tempo fácil, fácil. Principalmente se tivessem tocado músicas mais recentes, o que não aconteceu.

Tem muita coisa legal do Weezer depois de 2010. O White Album (2016) é um dos meus favoritos — claro que não é tão grande quanto o Blue Album ou Pinkerton, mas é um álbum incrível. Gostaria de ter escutado algumas músicas dele, principalmente Thank God for Girls.

Entrando nos méritos do festival em si: um evento muito caro para uma qualidade de áudio tão ruim e comodidades questionáveis. Imagino como teria sido se a previsão de chuva se concretizasse. Que merda que é ser fã de música e se sujeitar a esses festivais.

Teria sido massa escutar essa ao vivo

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