Sobre a vida 30+. Como que vocês tão com essa parada de envelhecer?
Perguntaram no grupo do whatsapp, "Como que vocês tão com essa parada de envelhecer?"
Como eu tenho tempo abundante para refletir e escrever, pude elaborar minhas questões e trago aqui:
Tá dureza. Minha filosofia de vida dos 20 anos não funciona mais aos 30, e aí tô tendo que adaptá-la. Isso está sendo difícil e muito vagaroso, principalmente porque envolve amadurecer espiritualmente - desde os 19 eu me entendia como ateu místico e conseguia dar significados a minha existência, porém, desde 2017 e a cada ano com maior frequência, tenho sido levado a trabalhar a mediunidade com a umbanda - mesmo negando e rejeitando o cristianismo, e isso vira tudo de ponta cabeça e é sofrido. Eu só queria ser um ateu naturalista em paz!
Fora desse campo, estou correndo atrás de uma vida profissional que celebre meu lado artístico e permita meus ideais. Já seria difícil aos 20, mas tenho a impressão que é pior aos 30.
Meus principais questionamentos da vida 30+ envolve entender como trilhar esse caminho que satisfaça meus ideais tanto no âmbito profissional quanto pessoal, sendo eu um cara com um estilo de vida (simples, sem lugar fixo, sem manipular tanto dinheiro, solitário e escrevendo) que não vejo mais tantas referências.
Mas a falta de referências para o estilo de vida só não é pior que a falta de referências sobre ser maricona, já que as gays que não morreram com Aids são na maioria enrustidas ou partem de linhas de pensamentos que me repulsam. Por isso, eu não tenho perspectivas de constituir uma família, e acabo projetando essa falta em lugares que são a garantia de retornarem sofrimento, como quando eu tinha meu parceirinho Pirata viajando comigo e a ausência dele foi sentida para além do âmbito animal doméstico. Ou como eu posso facilmente me perder nas relações fraternas. Enquanto minha vida permite continuar fazendo "amizades" que nem sempre se aprofundam, as que antes eram aprofundadas perdem espaço e vivem num ritmo que o trabalho define a bolha das relações com maior frequência afetiva. (como já falei com vocês aqui)
O futuro, o envelhecimento, guarda incertezas que, ora me excitam por poder dar passos que (dentro do que conheço) não deram antes, ora me assombram por não ter onde me espelhar.