Hoje o menino Ygor foi embora
Hoje, o menino Ygor foi embora, de volta para Sete Lagoas.
É, ué. Deve ter sido a terceira ou quarta vez que a gente se despediu no último ano.
Essa foi a última foto que tirei dele. Tomara que uma das próximas seja na estrada, com a Madalena, a kombi que ele comprou por quatro mil reais e trouxe para Arraial – e com a qual aprendi a dirigir, tendo o Mene como instrutor, enquanto Ygor estava ocupado com alguma obra.
Aposto que, na próxima vez que o vir, terá novidades do Zé para me contar, aquele que um dia me disse para deixar de ser orgulhoso e mandar uma mensagem para ele. "Ele gosta muito de você." Eu sei, seu Zé, também gosto muito dele, mas acho que o senhor não entende que não adianta mandar mensagem para o Ygor. Ele só funciona pessoalmente. Flagra?
Certa vez, fomos guiados noite adentro pelas ruas. Seguimos a espada-de-São-Jorge pelo chão, testados até onde iríamos. Apenas continuamos e fomos parar num trabalho fechado de quimbanda, regado a sacrifícios e gargalhadas de pombagira. Salve Ogum, salve Iemanjá. Laroyê! Eu estava ansioso, ele estava em casa.
Exu fez do meu camarada meu irmão de santo e, mesmo que a gente fique anos sem se ver, vou me lembrar de como passamos a cultuar nossa ancestralidade juntos, além das trocas quando ainda morávamos no hostel e das trocas quando morávamos na casa do Bigzera – que ele reformou e onde construiu duas escadas, sendo uma delas excentricamente maravilhosa.
Ver teu crescimento de perto foi do caralho. Deus precisava ouvir isso e as experiências que compartilhamos serviram para nos deixar menos opacos.
Que seus caminhos estejam sempre abertos, irmão!